Carlos Pinto, Senior Associate in Investments da Optimize Investment Partners, foi convidado pela Rankia Portugal para dar a sua opinião sobre o potencial dos fundos PPR.

Os Planos de Poupança Reforma têm apresentado uma ligeira tendência de crescimento ao longo dos últimos anos. No entanto, a taxa de poupança em Portugal é ainda muito reduzida, mesmo quando é consensual que o valor da nossa reforma vai ser muito inferior ao último vencimento, e que essa diferença continua a agravar-se à medida que aumenta o número de anos para a reforma. Esta dura realidade está a “forçar” os portugueses a adotar planos adicionais de poupança para compensar a quebra no rendimento mensal na altura da reforma.

Dentro das várias alternativas de poupança, é importante optar por soluções que maximizem a relação rentabilidade/risco para o prazo de investimento pretendido. Assim, num contexto de taxas de juro baixas, e á medida que cresce a consciencialização dos aforradores portugueses para este novo paradigma, os fundos PPR assumem-se como a solução mais racional de poupança. De facto, tratando-se de produtos com um horizonte temporal de longo prazo, as soluções similares de capital garantido, vulgos depósitos, perdem força quando comparadas com o potencial de valorização que oferecem os fundos PPR. Além disso, os PPR oferecem uma fiscalidade muito mais atrativa, que vai para além de poder deduzir os valores entregues à coleta de IRS em 20% com limites. Com efeito, a retenção na fonte no momento do resgate passa de 21.5% a apenas 8%, condicionado à antiguidade do investimento e às condições previstas na Lei, quando os restantes produtos financeiros são tributados em 28%.

Por último, mas não menos importante, realço para a simplicidade de transferência entre produtos PPRs, mesmo entre diferentes sociedades gestoras e diferentes tipos de PPR (Seguros ou Fundos), sem qualquer tributação fiscal. Ou seja, é possível a qualquer momento alterar de produto PPR, sem qualquer penalização fiscal, apenas com um ligeiro encargo de 0.5%, se a proveniência for de um produto de capital garantido.

Dentro dos produtos PPRs, a distinção incide essencialmente entre os seguros com garantia de capital e os fundos sem garantia de capital investido. Na verdade, os produtos sob a forma de seguro com capital garantido, têm a predominância no mercado português, com cerca de 80%, refletindo a aversão ao risco do aforrador português. Acontece que, face ás taxas de juro baixos, que prometem perdurar por algum tempo, esta opção acaba por oferecer rendimentos inferiores à taxa de inflação, ou seja, “oferecem uma garantia de perda no longo prazo”. À medida que o aforrador português se vai deparando com esta conjuntura, aumenta o seu interesse por soluções mais rentáveis para as suas poupanças. Assim, surgem naturalmente, os PPRs em forma de fundo de investimento como a melhor solução de poupança, sendo que nesta categoria os vários fundos estão segregados por vários níveis de risco, desde exposição de 0% a 100% a ações.

A alocação é personalizada ao perfil de risco do investidor, mas deverá ser inversamente proporcional à idade do investidor, ou seja, quanto maior a idade menor deverá ser a exposição a ações do fundo PPR.

Estes fundos estão ainda sujeitos a diversas regras e limites de investimento muito exigentes em termos de proteção do aforrador, impostos pela Lei e pelas entidades de supervisão com o objetivo de minimizar o risco de perda de capital no longo prazo. São ainda ativamente escrutinados pelas sociedades gestoras, bancos depositários e auditoras externas.

Assim, os fundos PPR que melhor diversificados estejam ao nível tipo de ativos, geografias, qualidade creditícia e sectorialmente, são os mais bem preparados para respeitar no longo prazo o real desígnio desta poupança: Preservar o capital investido potencializando um rendimento anualizado bastante acima da taxa de inflação, permitindo um crescimento real do património dos aforradores.

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